“Eu me achava inútil até para me matar”

Vítima de abusos, Daniela Luz foi consumida pelo ódio e, em vão, tentou amenizar sua dor de diferentes formas. Até que se lembrou de um convite

Imagem de capa - “Eu me achava inútil até para me matar”

Nos quatro primeiros meses de 2023, o Disque 100 registrou mais de 17 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes no País, mas esse número tende a ser ainda maior, já que a maioria das vítimas não denuncia o crime, que pode deixar marcas irreparáveis.

Foi o que aconteceu com a babá Daniela Luz, de 38 anos. Ela sofreu um abuso quando tinha apenas 6 anos. “Dentro de mim nasceu um ódio muito grande e que não tinha explicação. E, quando pensei que terminaria a infância com um pouco de alegria, fui estuprada aos 11 anos. Naquele instante eu tive um ódio tão grande de Deus que até doía e só aumentava dia após dia. Guardei comigo o que tinha acontecido porque pensava que ninguém acreditaria em mim”, relata.

Por causa da violência que sofreu, Daniela mudou seu comportamento, sua forma de se vestir e de falar. Na tentativa de acabar com a dor que sentia, ela conta que começou a se automutilar, mas isso não a ajudou e, então, ela entrou para o mundo das drogas e chegou a tomar conta de uma “biqueira” (ponto de venda de entorpecentes).

Sem rumo, mas na direção certa
Durante um bom tempo, ela diz que só pensava em vingança e na morte: “tentei suicídio oito vezes, mas todas as tentativas foram frustradas e eu me achava inútil até para me matar”. Nessa época, ela foi convidada por uma obreira para ir à Universal, mas não aceitou, pois seu ódio, dessa vez fundamentado nas fake news que consumia, passou a ser destinado à igreja e ao Bispo Edir Macedo.

Um dia, depois de ser cúmplice de um assalto, ela foi abordada pela polícia, mas foi liberada. Ao perceber que poderia ter sido presa e que os traficantes que estavam com ela apenas riram dessa possibilidade, ela saiu do local se sentindo sem rumo.

Quando parou diante de uma Universal, ela se recordou do convite que tinha recusado antes e entrou. Em meio às lágrimas, ela conta que pediu ajuda a Deus. Como resposta, diz que sentiu leveza e esperança. Daniela continuou frequentando a Universal e obedecendo às orientações baseadas na Palavra de Deus que recebia do pastor.

Ela detalha como foi seu processo de mudança: “aos poucos o ódio de Deus, da Universal e do Bispo saíram de mim, mas eu tinha de deixar tudo para trás e mudar meu modo de viver. Procurei os traficantes e disse que não queria mais, larguei as drogas as más amizades e troquei até minhas roupas. Me libertei, me batizei nas águas e me entreguei totalmente nas mãos de Deus”.

Livre do passado
Daniela sabia que precisava ter Deus dentro de si para conquistar a paz eterna e ser completamente feliz, mas, antes de buscá-Lo e receber o Seu Espírito, tinha de tomar uma decisão difícil. Ela conseguiu dar esse passo: “perdoei quem abusou de mim na infância e quem me estuprou na adolescência. Decidi dar minha vida pela vida de Deus”. Assim, ela recebeu o Espírito Santo.

Hoje Daniela é casada, tem uma filha e sua família está unida na mesma Fé. “Tenho paz, alegria e sou completa porque tenho o Espírito Santo”, conclui.

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Colaborador

Laís Klaiber / Fotos: cedidas